Sessão especial comemora os 60 anos do Martagão Gesteira



A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) homenageou o Hospital Martagão Gesteira, nesta segunda-feira (15), em sessão especial de comemoração aos 60 anos da instituição filantrópica, reconhecida pelo atendimento de alta complexidade – como oncologia, cardiologia e neurologia – a crianças e adolescentes de todo o estado. O ato foi proposto pelo líder do governo na Casa, deputado Rosemberg Pinto (PT).

Compuseram a mesa do evento o presidente do conselho de administração da Liga Álvaro Bahia contra a Mortalidade Infantil, responsável pelo Hospital Martagão Gesteira, Pedro Teles; a presidente de honra da Liga e neta do fundador, Rosina Bahia; o deputado federal Jorge Solla (PT); a defensora pública Laura Fagury; a mãe de um dos pacientes do hospital, Anagel Belmira de Souza; o diretor do hospital, pediatra Ian Simões; a coordenadora do hospital, pediatra e radiologista Rosane Klein; o representante a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Carlos Cohim; e a diretora executiva de operações do hospital, Cláudia Cruz.

Em seu pronunciamento, Rosemberg Pinto manifestou “muita afinidade com o hospital”, que teve início quando ele morava no bairro de Tororó e foi atendido diversas vezes no equipamento de saúde. O proponente elogiou a história da instituição homenageada, fundada num período com um índice de 40% de mortalidade infantil. “E era necessário que pessoas comprometidas com essa causa pensassem em uma instituição como o Martagão Gesteira, que representa compromisso social, a defesa da vida, e uma trajetória marcada pela humanização do cuidado, pela excelência médica e pela atenção integral às crianças e adolescentes, especialmente aquelas em situação de maior vulnerabilidade social”, afirmou.

O petista destacou a posição de referência estadual e nacional em pediatria, conquistada pelo Martagão ao longo das seis décadas, atendendo milhares de crianças oriundas da capital e do interior, a maioria exclusivamente do SUS. “São histórias de superação, de esperança renovada e de famílias que encontram, nesse hospital, não apenas uma instituição de saúde, mas um verdadeiro porto seguro”, disse. Também salientou seu papel estratégico para o sistema de saúde na Bahia, atuando em áreas de alta complexidade, formando profissionais e contribuindo para a pesquisa e para a inovação em saúde, “além de ser exemplo de gestão responsável, sustentada pela parceria entre poder público, sociedade civil e a iniciativa privada”, completou.

Rosemberg fez questão de homenagear os médicos, enfermeiros, técnicos, colaboradores, voluntários, gestores e apoiadores do Martagão Gesteira, registrando que a presidente da ALBA, Ivana Bastos, impedida de estar presente na sessão, também se congratulava com todos. “São mulheres e homens que fazem do cuidado um verdadeiro ato de amor e compromisso com o próximo. São mais de 500 mil atendimentos por ano, em mais de 27 especialidades”, elogiou, ratificando que, para ele, celebrar a data “é renovar o compromisso com o fortalecimento da saúde pública, valorização dos profissionais e o apoio permanente a instituições que cumprem com excelência uma função social tão essencial”. 

IDEALISMO E PARCERIA

“Nesses 60 anos, quase metade foi antes do SUS, antes de termos colocado na Constituição que a saúde seria direito da nossa população e obrigação do poder público. Até então, essa atividade era 100% mantida com o apoio da população. A partir dos anos 90, começamos a criar oportunidades para que recursos públicos também chegassem a essas instituições”, lembrou o deputado federal Jorge Solla. Ele anotou ainda que foi na época em que estava secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, entre 2003 e 2005, que foi estabelecida a modalidade contratual de parceria do poder público e a filantropia.

Emocionada, a neta do fundador do hospital e presidente de honra da Liga Álvaro Bahia, Rosina Bahia, ressaltou o idealismo e o vanguardismo do seu avô em tentar fazer um hospital pediátrico. Na época – contou – seu avô entendeu que, além do atendimento ambulatorial prestado pela Liga, havia a necessidade de um hospital pediátrico para procedimentos cirúrgicos e, em 1956, foi lançada a pedra fundamental do Hospital Martagão Gesteira. “Por sua ideia pioneira, por seu idealismo é que temos hoje um hospital de respeito, reconhecido no Brasil, e que tem prestado um serviço imenso a um sem número de crianças”, afirmou.

Pedro Teles, presidente do Conselho de Administração da Liga Álvaro Bahia, ressaltou o legado dos médicos Álvaro Bahia, Martagão Gesteira, Elysio Athayde e de outros fundadores e idealizadores do Martagão, “que, mesmo sem ter certeza de que conseguiriam os recursos necessários, criaram uma instituição voltada para o amor, o altruísmo, a empatia, exercitados da maneira mais nobre, cuidando e salvando vidas das crianças e adolescentes em situação de pobreza”.

Segundo Teles, no ano passado, o hospital realizou quase metade de todas as cirurgias cardíacas e de todos os tratamentos oncológicos pediátricos na Bahia, e mais de 60% das cirurgias oncológicas pediátricas. “E ainda é o único a fazer transplante de medula óssea pelo SUS, na faixa pediátrica, e o único a fornecer treinamento para desospitalização na Bahia”, acrescentou. Ele agradeceu ao proponente da sessão e aos servidores e colaboradores do Martagão, sublinhando que “a homenagem faz justiça às pessoas que passaram pelo hospital, aos que trabalham atualmente e aos que virão a trabalhar, e a todos que contribuíram ou contribuem com a instituição”.

Ratificando as falas anteriores sobre o atendimento humanizado da instituição, Anagel Belmiro, mãe de Danilo, que há mais de dois anos realiza tratamento oncológico no hospital, testemunhou e agradeceu o acolhimento do hospital. “Sem o Martagão, o que seria das nossas crianças? É um hospital acolhedor, não só os médicos, mas todos”, disse. Ela relatou sua experiência em adotar fantasias de super-heróis e personagens nas idas ao tratamento. “Achei uma forma de deixar o tratamento mais leve e lúdico, e uma forma de incentivar as outras mães, porque o câncer é doloroso, que elas não tenham vergonha de usar uma fantasia e ir com seus filhos para o hospital, porque traz leveza, traz alegria”, contou.

A sessão especial foi permeada por momentos musicais do coral Vozes da Vida, formado há quase dois anos e integrado por ex-pacientes do Martagão Gesteira, sob a regência do maestro Luciano Calazans. 
















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