Rio, Salvador e Recife têm 253 tiroteios no 1º semestre


Ao todo, 108 pessoas foram mortas e 64 ficaram feridas; os números são de levantamento do Instituto Fogo Cruzado

O Instituto Fogo Cruzado registrou um aumento de 36% no número de tiroteios, no conjunto das regiões metropolitanas de Salvador, do Recife e Rio de Janeiro, no 1º semestre deste ano. Foram 253 tiroteios envolvendo disputas entre diferentes grupos armados, ante o total de 186 registrado no mesmo período do ano passado.

Ao todo, 108 pessoas foram mortas e 64 ficaram feridas nesses tiroteios. Em 2024, foram 80 mortos e 60 feridos. Os dados foram divulgados na 2ª feira (21.jul.2025).

Os números fazem parte do relatório semestral do monitoramento realizado em 49 municípios dessas 3 regiões metropolitanas, acompanhados pelo instituto. Além disso, 20 pessoas foram vítimas de balas perdidas e 21 crianças e adolescentes foram baleados dos quais 11 morreram –um aumento de 91%, em relação ao 1º semestre do ano passado.

O Fogo Cruzado afirma que os tiroteios em disputas entre grupos armados causam impactos na dinâmica das cidades, no deslocamento e também na vida da população.

“Este é um problema crônico que todos os dias coloca crianças na linha de tiro no Brasil. Saber que os tiroteios aumentaram é saber que mais famílias conviveram com eles, que mais jovens passaram por esse trauma. É preciso responder a isso, ter propostas em níveis estadual e federal para esse problema porque ele não é pequeno”, diz a diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, Maria Isabel Couto.

Rio de Janeiro

Segundo os dados registrados, no caso do Rio de Janeiro, os confrontos são intensos desde 2024 em 4 localidades: Morro dos Macacos, Complexo do Fubá, Catiri e Complexo do Juramento.

O documento mostra que, juntos, Catiri (8), Morro dos Macacos (57), Complexo do Fubá (54) e Morro do Juramento (54) concentraram mais da metade (57%) dos tiroteios durante disputas entre grupos armados e 36% das vítimas atingidas neste 1º semestre.

Com 66 tiroteios, Vila Isabel, na zona norte do Rio, permanece entre os bairros mais afetados pela violência armada, assim como em todo o ano de 2024, quando foi considerado o bairro da região metropolitana do Rio com mais tiroteios, com 88 registros.

Considerando o total de tiroteios mapeados de janeiro a junho deste ano, houve participação policial em 504 deles, o que representa 41% dos registros. Em 2024, nesse mesmo período, dos 1.346 tiroteios mapeados, 459 deles (34%) aconteceram nestas circunstâncias.

Recife

Na região metropolitana do Recife, o relatório evidencia uma alta expressiva no número de tiroteios e pessoas baleadas em confrontos. Segundo o Fogo Cruzado, foram mapeados 18 tiroteios motivados por disputas entre diferentes grupos armados, em 2024, foi apenas 1.

O relatório destaca ainda que, dos 18 tiroteios registrados em disputas neste 1º semestre, 6 foram no Recife. Houve tiroteios também em Olinda (4), Paulista (4), Cabo de Santo Agostinho (2), Goiana (1) e Moreno (1).

Duas crianças morreram em decorrência dos tiroteios: Helen Santos, de 4 anos, morta por bala perdida no Córrego do Deodato, no bairro de Água Fria, no Recife, em 12 de abril; e Emilly, de 7 anos, também por uma bala perdida, em Peixinhos, Olinda, em 28 de março.

Das 39 vítimas de balas perdidas, 31 foram atingidas como vítimas colaterais de homicídios ou tentativas de homicídio. Olinda concentrou a maioria das vítimas, com 17 pessoas atingidas. Cabo de Santo Agostinho (8), Recife (8), Paulista (2), Abreu e Lima (1), Goiana (1), Jaboatão dos Guararapes (1) e São Lourenço da Mata (1) também registraram vítimas de balas perdidas.

Salvador

Em relação a Salvador e região metropolitana, houve 81 tiroteios em disputas entre grupos armados. Esses confrontos resultaram em 45 mortes e deixaram 28 feridos. Em 2024, no mesmo período, também foram registrados 81 tiroteios nesse contexto, que deixaram 35 mortos e 23 feridos.

Outro lado

Em nota, o governo do Estado do Rio de Janeiro informou que não comentaria os dados do Instituto Fogo Cruzado e que dados do Instituto de Segurança Pública, órgão oficial de análise de dados e indicadores de criminalidade do governo, mostram que a letalidade violenta no estado atingiu em maio e junho os menores números da série histórica iniciada em 1991.

Estes números são resultados, de acordo com a nota, do investimento de mais de R$ 4,5 bilhões em tecnologia e inteligência, assegurando melhores condições de investigação, treinamento, equipamentos e proteção para agentes e a população.

Recife e Salvador não responderam.


Com informações da Rádio Nacional e da Agência Brasil.

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