Conselho Estadual de Educação da Bahia debate sobre currículo antirracista na 3ª Tertúlia Dialógica


Conselho Estadual de Educação da Bahia debate sobre currículo antirracista na 3ª Tertúlia Dialógica
Conselho Estadual de Educação da Bahia debate sobre currículo antirracista na 3ª Tertúlia Dialógica

O Conselho Estadual de Educação da Bahia (CEE-BA) realizou, nesta segunda-feira (26), a Tertúlia Dialógica sobre Antirracismo, reunindo educadores, conselheiros, estudantes, especialistas e representantes de movimentos sociais e gestores e docentes de escolas públicas e privadas para refletir sobre os desdobramentos da Resolução CEE nº 97/2024, que institui as diretrizes para uma educação antirracista no Sistema Estadual de Ensino da Bahia.

A atividade, realizada no Auditório Luiza Bairro do CEE, em Salvador, fortaleceu o compromisso do Conselho com uma escola que combate o racismo estrutural por meio da escuta ativa, da transversalidade curricular e da valorização dos saberes afro-brasileiros e indígenas. A programação foi marcada por rodas de conversa, experiências escolares reais, vozes do território e um ambiente de partilha pedagógica.

Para o presidente Roberto Gondim, a Resolução do CEE não é um fim em si mesma. “A resolução é um instrumento político-pedagógico para ser vivido nas escolas, nos projetos e nas decisões institucionais. Ela é uma convocação. Um chamado para que a escola se reorganize, repense seus símbolos, suas práticas e suas ausências. É uma bússola para que os sistemas de ensino compreendam que a equidade não é uma agenda de exceção, mas de base. E a transformação só acontece quando o currículo incorpora o antirracismo como eixo e não como apêndice”.

A tertúlia teve início com a explanação da conselheira Cristina Silva Andrade, relatora da resolução. A primeira roda de conversa tratou do caráter político de resistência da norma e contou com a participação de Railda Neves (Secretaria Municipal de Educação de Feira de Santana), Ìyá Márcia d’Ògún (RENAFRO), e do conselheiro Mário Sérgio Aragão que apresentou as atividades desenvolvidas por Ana Beatriz Bastos da Escola Dorilândia. A manhã foi encerrada com a apresentação do projeto Africamos, do Colégio Estadual em Brejões – BA.

O Conselheiro Paulo Gabriel Nacif acredita que a educação antirracista não admite neutralidade diante da exclusão; e ensinar, em um país como o nosso, também é um ato de enfrentamento. “A educação antirracista não é um projeto apenas pedagógico — é, antes de tudo, um compromisso ético com a democracia. O racismo é estrutural, e, por isso, precisa ser enfrentado estruturalmente dentro da escola: no currículo, na gestão, na linguagem, nas relações. Quando uma escola silencia sobre o racismo, ela o reproduz. Quando ela reconhece as histórias, as epistemologias e as presenças negras e indígenas, ela se torna um território de libertação. E o currículo tem que ser território de disputa para incluir, para resistir, para reparar e para transformar.”

A segunda roda de conversa abordou estratégias antirracistas a partir de órgãos do Estado e organizações sociais, com mediação da conselheira Maria de Cássia Passos Brandão. Participaram da discussão Vitalina Silva (Professora do Centro Educacional Maria Quitéria – Camaçari), Juliana Conceição (Bibliotecária do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela da SEPROMI), Carla Nogueira (Coordenadora de Educação Antirracista, Relações Étnico-raciais e Diversidade – SEC/CEARD) e Emerson de Alleluia Conceição (Diretor de Promoção da Igualdade Racial – APLB Sindicato). Cada fala reforçou a urgência de uma ação institucional coerente com o enfrentamento ao racismo nas práticas cotidianas das unidades escolares.

A tertúlia consolidou-se como espaço de mobilização política e pedagógica, reunindo múltiplas vozes para tensionar os desafios da implementação real da resolução nas escolas. O encontro culminou na produção de reflexões que integrarão uma nova Carta Pública, com recomendações concretas a serem encaminhadas aos órgãos do Sistema Estadual de Ensino da Bahia.

A série de Tertúlias Dialógicas promovidas pelo CEE-BA é parte de uma estratégia de aproximação com a comunidade escolar e reafirma a missão do Conselho como indutor de políticas curriculares inclusivas, plurais e comprometidas com a justiça racial e social.

Fonte: Ascom/CEEBahia