Celebração das luzes ilumina auditório da Alba no Dia Mundial da Perda Gestacional, Neonatal e Infantil


Celebração das luzes ilumina auditório da Alba no Dia Mundial da Perda Gestacional, Neonatal e Infantil
Celebração das luzes ilumina auditório da Alba no Dia Mundial da Perda Gestacional, Neonatal e Infantil

Foto: Wuiga Rubini/GOVBA

Dezenas de velas eletrônicas de led iluminaram o Auditório Jornalista Jorge Calmon, na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), no entardecer desta quarta-feira (15), Dia Mundial da Perda Gestacional, Neonatal e Infantil. A Celebração das Luzes, como a iniciativa é conhecida, é uma referência ao movimento global que surgiu em função da data, quando famílias enlutadas acendem velas, criando uma onda de luz contínua, ao redor do mundo, para homenagear e lembrar seus bebês que partiram, são amados e nunca serão esquecidos.

A iniciativa faz parte do Ato dos Cuidados Paliativos Perinatal e Perdas Gestacional, Neonatal e Infantil promovido pelas Secretarias das Mulheres (SPM) e da Saúde do Estado (Sesab) e integra a programação que está sendo realizada ao longo de Outubro. Este mês reúne datas simbólicas como o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos (11/10) e de Conscientização às Perdas Gestacional, Neonatal e Infantil (15/10). O objetivo é evidenciar a importância de políticas públicas sensíveis e humanizadas voltadas ao acolhimento de pessoas e famílias em situações de fragilidade, luto e reconstrução emocional.

A cerimônia foi marcada pela emoção de mães, pais, familiares e amigos que passaram por essa experiência. A secretária de Políticas para as Mulheres do Estado, Neusa Cadore, autora da Lei nº 14.558/2023, também conhecida como Lei Semana Helena, falou sobre a importância da realização anual de ações de sensibilização e apoio às famílias. ”Este é um momento de nos reconhecermos na dor e também na força de partilhar afeto e transformar a saudade em cuidado. Tudo isso faz parte de uma caminhada maior, a de uma Bahia que cuida, que valoriza a vida e reconhece o direito de cada pessoa ao acolhimento e à escuta”, afirmou.

Representando a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), o subsecretário, Paulo Barbosa, destacou a necessidade de visibilizar o tema e de fortalecer o cuidado humanizado no sistema de saúde. “Esse evento tem um significado muito grande porque traz à luz um tema que ainda é pouco visibilizado, dos cuidados paliativos neonatais e o luto parental. Muitas mulheres vivem a dor da perda de um filho durante a gestação ou nos primeiros dias de vida e não encontram compreensão ou acolhimento. É fundamental que a sociedade e o sistema de saúde estejam atentos a isso,  com políticas públicas específicas e equipes preparadas para acolher”, afirmou.

A professora Flávia Carvalho falou sobre amor às filhas Helena e Maria Flor, cujas perdas aconteceram ainda na gestação. “O amor por elas está aqui. Estou muito emocionada por ver tantas pessoas mobilizadas, sensibilizadas e por sentir essa presença tão forte. A maternidade está em mim desde sempre e, desde que descobri a gestação, vivo isso intensamente. Helena não está eternizada apenas na lei, ela está eternizada em mim. A Lei Semana Helena traz possibilidades de mudança e de acolhimento para muitas famílias. Essa é a nossa causa e o nosso propósito, o de transformar a dor em amor e em transformação social”, acredita.

A médica neonatologista Lilia Embiruçu, integrante do Núcleo de Cuidados Paliativos da Sesab, evidenciou o papel do Estado nesse contexto. “Nos cuidados paliativos perinatais, o acompanhamento começa a partir do diagnóstico de uma doença que ameaça a vida do feto, do recém-nascido ou da gestante. A partir daí, construímos, junto com a família, uma história de despedida e memória, o exemplo disso é a ‘caixa de memórias’, montada de acordo com a biografia, história e os valores daquela família e nenhuma caixa é igual à outra. Também confeccionamos roupas e urnas adequadas para o sepultamento dos bebês, respeitando tamanhos e desejos dos pais, para que tudo seja feito com dignidade e amor. Esses gestos são fundamentais porque a sociedade ainda tende a silenciar o luto pela perda de um bebê. Nosso trabalho é justamente o de reconhecer, dar voz e oferecer um espaço de acolhimento e respeito a essas histórias”, ressaltou.

A Bahia desponta como uma referência em Cuidados Paliativos no país. O Hospital Geral Roberto Santos conta com o Ambulatório de Cuidados Paliativos Perinatais, onde um grupo multidisciplinar realiza um serviço especializado para oferecer suporte a gestantes, bebês e suas famílias quando um diagnóstico fetal sugere uma doença grave e com risco de vida. Os profissionais atuam desde o pré-natal até o período neonatal e além. O objetivo é proporcionar conforto e qualidade de vida, focando na abordagem humana e multidisciplinar para aliviar sofrimentos físicos, emocionais e espirituais, e auxiliando a família no processo de tomada de decisão e luto, caso seja necessário. Já o Hospital Mont Serrat – Cuidados Paliativos é o primeiro exclusivo da especialidade pelo SUS no Brasil. Cada paciente tem seu plano de cuidado individualizado, suas diretivas antecipadas de vontade respeitadas e um ambiente de acolhimento para toda a família.

Programação – A programação segue, nesta quinta-feira (16), na Casa da Mulher Brasileira, com a Roda de Conversa sobre Cuidados Paliativos Perinatal, das 9h às 12h. Já no dia 25, às 16h, será promovida a Corrida e Caminhada Semana Helena de Sensibilização às Perdas Gestacional, Neonatal e Infantil, com saída às 6h, da Igreja da Conceição da Praia, em direção à Colina Sagrada, no Bonfim. A programação continua até o dia 30, com o Encontro de Cuidados Paliativos Perinatal com Maternidades da Estratégia Qualineo, das 9h às 17h, no Auditório das Sesab. No mesmo dia, às 14h, acontecerá uma audiência pública da Semana Helena de Sensibilização às Perdas Gestacional, Neonatal e Infantil, na Câmara Municipal de Salvador.
 

Fonte: Ascom/SPM