IPI zero para ‘carros verdes’ cresce venda, mas governo não fatura

Foto: Reprodução/Instagram No sábado (23), o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, participou de visitas a concessionárias em São Paulo 24 de agosto de 2025 | 18:31 IPI zero para ‘carros verdes’ cresce venda, mas governo não fatura A isenção de IPI sobre veículos novos menos poluentes fez a média diária … Leia Mais


Sob Trump, EUA se afastam do livre-mercado e se aproximam do capitalismo de Estado chinês e europeu



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O presidente dos EUA, Donald Trump 24 de agosto de 2025 | 20:01

Sob Trump, EUA se afastam do livre-mercado e se aproximam do capitalismo de Estado chinês e europeu

As empresas privadas americanas têm um novo investidor com quem se preocupar: o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde que tomou posse, Trump inseriu o governo em empresas americanas de maneiras extraordinárias, incluindo a aquisição de uma participação na U.S. Steel e a pressão por uma redução nas receitas da Nvidia e da Advanced Micro Devices (AMD) provenientes da China.

No mês passado, o Pentágono anunciou que iria adquirir uma participação de 15% na MP Materials, uma grande mineradora americana de terras raras. E, na sexta-feira, 22, a Intel concordou em permitir que o governo dos EUA adquirisse uma participação de 10% em seus negócios, no valor de US$ 8,9 bilhões.

Esses movimentos podem anunciar uma mudança do tão alardeado sistema de livre-mercado dos Estados Unidos para um que se assemelha, pelo menos em alguns aspectos, a uma forma de capitalismo estatal mais frequentemente visto na Europa e, em diferentes graus, na China e na Rússia, afirmam advogados, banqueiros e acadêmicos versados na história de aquisições hostis e negócios internacionais.

As ações de Trump estão levando banqueiros e advogados de Wall Street a se apressarem para ajudar as empresas a elaborar um plano de ação para se defenderem ou, pelo menos, encontrarem maneiras de apaziguar Trump.

“Praticamente todas as empresas com as quais conversei que recebem regularmente subsídios ou subvenções do governo estão preocupadas com isso neste momento”, disse Kai Liekefett, copresidente da área de defesa corporativa do escritório de advocacia Sidley Austin.

A administração Trump está vasculhando outras empresas que considera maduras para algum tipo de envolvimento governamental, disseram três pessoas a par dessas discussões.

Pretexto de ‘segurança nacional’

O governo dos EUA já se inseriu no mundo corporativo americano antes. A administração Obama adquiriu participações em bancos e montadoras após a crise financeira de 2008, e tanto a administração Obama quanto a de Joe Biden usaram subsídios governamentais para promover a tecnologia verde.

Mas especialistas dizem que a iniciativa de Trump é diferente — e mais agressiva — do que os Estados Unidos já viram antes. As empresas que ele tem como alvo não estão à beira do colapso, nem sua falência, como no caso dos bancos durante a crise financeira, desencadearia uma série de eventos que poderiam levar à ruína econômica global.

“Os Estados Unidos sempre foram cautelosos em relação à linha divisória entre empresas públicas e privadas”, disse Jonathan Levy, historiador e professor da Sciences Po em Paris e autor de “Ages of American Capitalism: A History of the United States” (As eras do capitalismo americano: uma história dos Estados Unidos).

“A única vez em que isso foi suspenso”, acrescentou, “foi no contexto de uma guerra ou de interesses de segurança nacional”.

A Casa Branca insiste que a segurança nacional está, de fato, impulsionando os seus investimentos e contestou a ideia de que adquirir participações em empresas de importância crítica prejudica livre-mercado.

A Intel recebeu uma subvenção de cerca de US$ 11 bilhões como parte da Lei dos Chips, uma lei bipartidária aprovada durante a administração Biden com o objetivo de tornar os Estados Unidos menos dependentes da Ásia para a fabricação de semicondutores.

O secretário do Comércio, Howard Lutnick, argumentou que, ao adquirir uma participação acionária, os contribuintes americanos obterão os benefícios de qualquer impulso concedido à Intel.

“Esta não é uma empresa qualquer”, disse um funcionário da Casa Branca. “Isso é algo tão crítico para a segurança nacional que justifica essa ação”.

Mas algumas das medidas recentes de Trump parecem ser uma forte ruptura com os precedentes históricos. Nos casos da Nvidia e da AMD, o governo Trump propôs ditar o mercado global ao qual essas fabricantes de chips podem ter acesso. As duas empresas prometeram dar 15% de sua receita proveniente da China ao governo dos EUA para ter o direito de vender chips naquele país e contornar quaisquer restrições futuras dos EUA.

David Sicilia, professor associado emérito de história da Universidade de Maryland, disse que nunca viu uma época em que os Estados Unidos tivessem mudado a sua política comercial para visar uma ou mais empresas específicas.

“A interpretação menos generosa é que se trata de extorsão”, disse ele.

Ao discutir o acordo com a Intel na sexta-feira, Trump disse que o CEO da empresa “entrou querendo manter o seu emprego e acabou por dar US$ 10 bilhões para os Estados Unidos”.

As empresas americanas criaram defesas contra investidores como Carl Icahn e Nelson Peltz, que normalmente adquirem participações em empresas com dificuldades no mercado público e, em seguida, as pressionam a fazer mudanças que elevem o preço das suas ações, como vender uma divisão ou substituir um CEO.

Mas, ao contrário de um ativista corporativo tradicional, Trump nem sempre vinculou claramente seus apelos por ações corporativas — seja destituir um diretor executivo ou “arcar com o custo das tarifas” — aos retornos da empresa.

Por enquanto, os acionistas da Intel reagiram favoravelmente ao envolvimento cada vez maior do governo. As ações da Intel fecharam com alta de mais de 5% na sexta-feira, quando Trump anunciou que o governo iria adquirir a participação. As ações de concorrentes como a AMD caíram desde que a notícia do possível acordo se tornou pública na semana passada, uma queda que os analistas atribuem em parte à expectativa de que o governo apoiará a Intel em detrimento de outras empresas de chips.

“Se estiver focado no curto prazo, então esse tipo de acordos pode ser benéfico, porque vai acabar por ser pressionado de qualquer maneira”, disse Sarah Bauerle Danzman, cientista política e professora associada de estudos internacionais na Escola Hamilton Lugar de Estudos Globais e Internacionais da Universidade de Indiana.

Mas, ela alertou, “uma vez que o governo se envolve na tomada de decisões estratégicas, essas escolhas estratégicas não são mais motivadas por considerações de mercado”.

O crescente envolvimento do presidente com empresas privadas também levanta questões mais amplas sobre a perda de proteções para os acionistas comuns.

“Estamos acostumados a ouvir acionistas controladores dizerem: ‘Quero obter benefícios privados do controle. Eu também sou o CEO. Quero receber um pacote de compensação de US$ 56 bilhões’. Temos maneiras de lidar com isso”, disse Edward Rock, professor de governança corporativa da Universidade de Nova Iorque.

“Mas se o governo encorajasse uma empresa a encerrar os seus planos de internacionalização, por exemplo, não temos doutrinas no direito societário que nos permitam analisar essa situação”.

Empresas tentam sair ‘da mira’ de Trump

Rejeitar as exigências de Trump não será fácil. Processar o governo provavelmente não é um caminho produtivo, disse Liekefett, advogado da Sidley Austin.

Embora a Lei dos Chips não autorize expressamente o governo a adquirir participações acionárias em empresas que recebem subsídios, ela contém uma linguagem que pode ser interpretada como dando ao governo uma autoridade mais ampla, disse ele.

O manual atual para as empresas evitarem a ameaça de uma participação do governo ou outras exigências extraordinárias, dizem os consultores corporativos, é continuar o que já estão fazendo para ficar fora da mira de Trump: limpar os sites públicos de linguagem sobre diversidade, equidade e inclusão e fazer mais visitas ao presidente em Washington.

O CEO do Goldman Sachs, David Solomon, por exemplo, visitou Trump quatro vezes desde que ele assumiu o cargo em janeiro, de acordo com duas pessoas com conhecimento das visitas. Esse é um número incomumente alto para o CEO do banco.

Especialistas dizem temer que esse tipo de clima de negócios esteja corroendo a igualdade de condições que eles acreditam ser crucial para o sucesso do país a longo prazo.

“Quem vai querer investir em empresas que o governo não apoia?”, questionou Dan Ikenson, economista e especialista em comércio. “O que acontecerá com empresas promissoras que não bajulam Trump?”.

Estadão



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Programa Bahia Sem Fogo é destaque nacional no Consad e mostra redução nos focos de calor


Programa Bahia Sem Fogo é destaque nacional no Consad e mostra redução nos focos de calor
Programa Bahia Sem Fogo é destaque nacional no Consad e mostra redução nos focos de calor

Foto: Divulgação

O Programa de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – Bahia sem Fogo foi apresentado no XIV Congresso de Administração Pública 2025, em Brasília, nesta quarta-feira (27). Com a área temática “Reinventando o Estado: desafios e oportunidades”, o evento é um dos principais espaços do país para discutir inovação, modernização e fortalecimento da administração pública. A coordenadora do programa e chefe de Gabinete da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), Daniella Fernandes, apresentou o Bahia Sem Fogo como referência de política pública na área ambiental.

Instituído pelo Decreto nº 23.835 de 16 de julho de 2025, o programa tem como objetivo planejar e desenvolver atividades de prevenção, monitoramento, resposta, recuperação de áreas degradadas e responsabilização em casos de incêndios florestais, especialmente em Unidades de Conservação e áreas de interesse ambiental. Os resultados já são expressivos: segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), houve redução de aproximadamente 33% nos focos de calor em comparação a 2023. Além disso, segundo relatórios financeiros, o estado da Bahia reduziu 64% nos gastos com combate, graças à ênfase em prevenção e integração de esforços.

“A estrutura de governança do programa é transversal, baseada em ações integradas que incluem o fortalecimento das brigadas voluntárias, o engajamento das comunidades locais e a implementação de pilares estratégicos que unem tecnologia, capacitação e participação social”, destacou Daniella durante a apresentação.

Com 19 anos de experiência na gestão pública, Daniella acredita que iniciativas como o Programa Bahia sem Fogo demonstram a necessidade de aprimoramento e inovação constante das políticas públicas, tornando os recursos destinados à prevenção e ao combate aos incêndios florestais mais eficientes. “Cada recurso aplicado na prevenção é um investimento que retorna em áreas preservadas, vidas protegidas e redução de custos futuros com combate”, afirmou.

Entre as ações do programa estão a elaboração do Plano de Ações Integradas, a criação de Planos Regionais e Subcomitês locais, a implantação de centros temporários de acolhimento e cuidados veterinários para fauna silvestre, além de planos operativos de prevenção e resposta em Unidades de Conservação, planos de contingência para resgate da fauna, equipagem (EPI/EPC), capacitação de servidores e parceiros, monitoramento tecnológico e ações itinerantes de fortalecimento da governança territorial.

Também participando da programação, o diretor-geral da Sema, Vinicius Souza, reforçou o papel estratégico do programa. “A submissão do Programa Bahia sem Fogo ao Consad é um marco para o Estado, pois ultrapassa fronteiras e compartilha com o país práticas que transformam a forma de lidar com incêndios florestais. Desde 2023, o programa vem evoluindo com campanhas educativas, capacitações, sistemas de monitoramento e integração entre órgãos estaduais”, disse.

Congresso Consad – Mais do que um congresso, o Consad funciona como uma rede colaborativa que conecta gestores públicos de todo o Brasil em torno de soluções para os desafios contemporâneos da administração pública. O evento, que teve início no dia 26 e finaliza na próxima quinta (28), está sendo realizado no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília (DF). Clique AQUI para saber mais sobre o evento.
 


Setor aéreo tem impacto financeiro e operacional com alta do IOF, dólar e atraso em entregas de aeronaves



Foto: Divulgação/Arquivo
O aumento do IOF sobre remessas para o exterior eleva em nove vezes a alíquota que incide sobre leasing 25 de agosto de 2025 | 07:05

Setor aéreo tem impacto financeiro e operacional com alta do IOF, dólar e atraso em entregas de aeronaves

Anos após a retomada das operações das companhias aéreas no pós-pandemia, empresas e representantes do setor ainda relatam um entrave na cadeia de produção, com atraso em entregas de aeronaves. Apontam também para um novo impacto causado pela alta do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Peter Cerdá, CEO da Alta (Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo), afirma que uma série de fatores pressionam a eficiência das companhias aéreas e limitam a competitividade do Brasil frente a outros mercados. Além do impacto financeiro do combustível de aviação, principal gasto das empresas atualmente, ele chama a atenção para atrasos em entregas de aviões.

Segundo Cerdá, na América Latina e no Caribe, os prazos de entrega de aeronaves narrowbody (fuselagem estreita, com apenas um corredor central) aumentaram mais de 50% desde a pandemia e chegam a 6,5 anos de espera –o que impede a renovação das frotas das companhias aéreas, diz.

Ele afirma haver também outras barreiras logísticas que elevam os custos e reduzem a competitividade no Brasil. “A liberação de peças na alfândega pode demorar até dez dias, em comparação com os dois ou três dias observados em países vizinhos, o que compromete a agilidade na manutenção das aeronaves.”

Leonardo Fiuza, presidente da TAM Aviação Executiva, afirma que as companhias ainda registram atraso em entregas de aeronaves, mas em uma gravidade menor do que a observada durante a pandemia, período em que o setor viveu um desarranjo na cadeia de produção.

“Ainda não está totalmente normalizado. Ainda tem alguns fabricantes com dificuldades de manter as linhas de produção funcionando com regularidade. A situação não está mais tão crítica quanto esteve um ano atrás, mas ela ainda não está totalmente resolvida”, diz.

Companhias aéreas começam a estimar também o impacto gerado pela alta do IOF. A Abear (Associação Brasileira das Companhias Aéreas) afirma que atualmente a aviação brasileira possui 60% dos custos atrelados ao dólar. O QAV também é precificado na moeda americana.

Depois de um embate entre governo Lula e parlamentares no primeiro semestre deste ano, que resultou na derrubada pelo Congresso dos decretos que alteravam as alíquotas do IOF, o ministro do STF Alexandre de Moraes validou, em julho, a alta no tributo.

A decisão atendeu parcialmente ao pedido do governo ao reconhecer o direito de o Executivo editar decretos para a fixação de alíquotas, mas derrubou o dispositivo que incidia sobre o risco sacado —tipo de operação em que o fornecedor recebe à vista de uma instituição financeira e a dívida é quitada pela compradora em um prazo mais longo.

Segundo a Abear, o aumento do IOF sobre remessas para o exterior eleva em nove vezes a alíquota que incide sobre leasing (aluguel de aviões) e manutenção de aeronaves. A entidade estima um impacto de R$ 600 milhões com a medida em 2025.

“A Abear tem mantido constante diálogo com o governo federal sobre a agenda de redução de custos do setor. Hoje, a aviação brasileira possui 60% dos custos atrelados ao dólar, o que representa um cenário desafiador para o crescimento da indústria”, escreve a associação em nota.

A entidade diz esperar do governo uma solução para a alta do IOF até setembro.

Procuradas pela Folha, Azul, Latam e Gol disseram que seguem posicionamento da Abear.

No ano passado, os custos com seguros, arrendamentos e manutenção de aeronaves representaram 18,9% dos gastos das companhias aéreas, de acordo com o monitoramento feito pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Foi a segunda maior despesa do setor, atrás somente do QAV (querosene de aviação).

No geral, as companhias aéreas brasileiras tiveram uma despesa de R$ 67,2 bilhões com custos dos serviços aéreos em 2024, um aumento de 11,3% em relação ao ano anterior.

Adalberto Febeliano, ex-diretor de relações institucionais da Azul e especialista em aviação civil, descreve o setor aéreo como uma grande zona de processamento de exportações. Ele explica que, além do combustível e do leasing, custos como manutenção, seguros e tarifas de navegação aérea e aeroportuária internacionais são indexados ao dólar.

Segundo Febeliano, a variação cambial observada no último ano, com o dólar alcançando um patamar acima de R$ 6, prejudicou as companhias. “Quando nós chegamos no final do ano, o dólar era R$ 6,20. Mas a passagem foi vendida meses antes, em outubro, quando o dólar estava mais baixo.”

Outro custo apontado pelo setor é o de judicialização excessiva, uma reclamação antiga das companhias aéreas brasileiras. A Abear afirma que, neste ano, o impacto de gastos com processos judiciais deverá ultrapassar o patamar de R$ 1 bilhão. Segundo a entidade, o cenário é “incompatível com os altos índices de pontualidade e regularidade registrados pela aviação brasileira”.

Segundo o painel de indicadores do transporte aéreo da Anac, a porcentagem dos gastos do setor aéreo brasileiro com condenações judiciais vem apresentando leve alta nos últimos dois anos, mas ainda está abaixo do patamar observado na pandemia. Em 2024, condenações judiciais representaram 1,3% das despesas das companhias.

Nos últimos anos, as três principais companhias aéreas brasileiras (Gol, Latam e Azul) passaram pelo Chapter 11 (equivalente à recuperação judicial) na Justiça americana. O caso mais recente foi o da Azul, que anunciou a entrada no processo em 28 de maio deste ano. A expectativa da empresa é a de que a recuperação judicial termine no fim deste ano.

Paulo Ricardo Martins/Folhapress



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3ª edição da campanha “Cadê Minha Boneca Preta?” será lançada em Salvador e Itaparica


3ª edição da campanha “Cadê Minha Boneca Preta?” será lançada em Salvador e Itaparica
3ª edição da campanha “Cadê Minha Boneca Preta?” será lançada em Salvador e Itaparica

Foto: Divulgação

Salvador e Itaparica recebem, nos dias 2 e 3 de setembro, o lançamento da 3ª edição da campanha “Cadê Minha Boneca Preta?”, uma realização da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA), por meio da Fundação Pedro Calmon (FPC), executada pelas Bibliotecas Públicas do Estado. O projeto, que já distribuiu mais de mil bonecas pretas em suas duas primeiras edições, retorna este ano com a meta de ampliar ainda mais as doações.

O evento de lançamento acontece primeiro em Salvador, no dia 2 de setembro, na Biblioteca Central do Estado da Bahia, e segue para Itaparica, no dia 3 de setembro, na Biblioteca Juracy Magalhães Jr.. A arrecadação segue até 27 de novembro, quando as bonecas serão entregues às crianças em uma programação cultural marcada por atividades artísticas e de valorização da identidade negra.

A abertura da campanha contará com uma programação repleta de atividades culturais e educativas. Em Salvador, no dia 2 de setembro, as atividades têm início às 9h, com a contação de história do livro “Eu Amo o Meu Black”, de Débora Maria, seguida da contação de história, Meninas Negras, da autora Madu Costa, com Argemira Silva”. Às 10h, haverá intervenção artística do Grupo de Câmara Opaxorô (APAE). A manhã segue com falas institucionais (10h30) e um bate-papo sobre a importância da representatividade negra na infância com a artista visual Vanessa Barbosa e a estudante Flor de Maria, sob mediação de Rebeca Táríque.

Já em Itaparica, no dia 3 de setembro, a programação começa às 10h com a peça teatral “Minha Boneca, Minha História”, tema da campanha em 2025, seguida do Manifesto Infantil com crianças da comunidade. Ao longo da manhã acontecem falas institucionais, apresentação musical do Coral Ilha das Crianças, inauguração da Árvore da Representatividade, além de contações de histórias com bonecas Abayomi e rodas de conversa sobre o direito das crianças negras de se reconhecerem no ato de brincar.

Mais do que a entrega de brinquedos, a campanha utiliza a ludicidade e o ato de brincar como ferramentas para promover trocas de ideias, estimular a criatividade e fortalecer a autoestima das crianças, além de incentivar discussões sobre literatura, cultura, ancestralidade e enfrentamento ao racismo.

Crescimento da campanha

Idealizada em agosto de 2023 pela Biblioteca Juracy Magalhães Jr., em Itaparica, a campanha agora integra o Sistema de Bibliotecas Públicas da Bahia, o que garante sua ampliação e fortalecimento como política pública.

“A campanha cumpre o papel social das bibliotecas públicas com a comunidade, pois esses equipamentos culturais são ambientes vivos e em constante transformação e, por isso, devem dialogar sobre as temáticas sociais que auxiliam na construção de um cidadão crítico e antirracista. Essa atividade representa o pertencimento da infância preta, por meio da ludicidade e da construção de diálogos com personalidades que defendem a pauta racial. Ao entender a relevância dessa iniciativa, chegamos à 3ª edição, confirmando o projeto enquanto uma política pública de Estado”, afirma Tamires Conceição, diretora de Bibliotecas Públicas da Bahia.

Já para Soaraia Alves, idealizadora da campanha e diretora da Biblioteca Juracy Magalhães Jr., a iniciativa é fruto de uma vivência pessoal que se transformou em ação coletiva:

“A campanha nasceu de uma dor que me acompanha desde a infância. Enquanto mulher negra, cresci sem me ver representada nos brinquedos, nos livros e na televisão, achando que eu não tinha direito ao sonho, ao afeto e à alegria de simplesmente existir. Essa ausência feriu profundamente minha autoestima, mas assim como as ostras transformam o incômodo do grão de areia em pérolas, eu não rejeitei essa dor: acolhi, envolvi e transformei. E o que era ausência e ferida se tornou essa campanha, que leva para crianças em situação de vulnerabilidade social aquilo que me foi negado: representatividade, afeto, beleza, orgulho e a certeza de que toda criança pode se reconhecer nos brinquedos e nas histórias que afirmam sua identidade. Na primeira edição arrecadamos 372 bonecas, na segunda 700. Hoje, a campanha é uma pérola nascida da minha dor, mas que brilha como gesto de resistência, cura e amor coletivo.”

Com esse propósito, a 3ª edição da “Campanha Cadê Minha Boneca Preta? – Minha Boneca, Minha História” reafirma o compromisso das bibliotecas públicas da Bahia em estimular a reflexão crítica, o fortalecimento da identidade negra e a construção de um futuro mais justo e diverso.
 


Ações trabalhistas caminham para novo recorde após a reforma, puxado pela alta no setor de serviços



Foto: Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil
De janeiro a junho, foram ajuizadas 1,150 milhão de ações, ante 1,044 milhão no mesmo período de 2024 25 de agosto de 2025 | 08:57

Ações trabalhistas caminham para novo recorde após a reforma, puxado pela alta no setor de serviços

O número de ações na Justiça do Trabalho vem registrando um crescimento contínuo e deve bater este ano um novo recorde desde a aprovação da reforma trabalhista, em 2017. Esse movimento vem sendo puxado principalmente pelo setor de serviços. No ano passado, esse setor respondeu por 26,6% dos processos protocolados e atingiu um recorde histórico, com 556.143 casos novos. Até 2021, era sempre a indústria que liderava esse movimento nos tribunais trabalhistas.

Em todo o ano passado, como já mostrou o Estadão, foram 2,1 milhões de ações, o maior patamar desde a reforma. O pico havia sido atingido em 2016, com 2,7 milhões de processos, número que caiu para 1,7 milhão em 2018.

E a tendência de crescimento se mantém este ano. De janeiro a junho, foram ajuizadas 1,150 milhão de ações, ante 1,044 milhão no mesmo período de 2024, incluindo todos os setores da economia. As previsões são de que os novos processos cheguem a 2,3 milhões até dezembro.

De acordo com especialistas ouvidos pelo Estadão, o aumento da participação do setor de serviços nesse movimento se explica pela própria dinâmica da economia. São atividades em alta no País, que ganharam ainda mais impulso após a pandemia de covid-19. Isso movimenta as contratações e demissões e, consequentemente, as ações na Justiça.

Porém, o que mais explica o aumento geral da judicialização, segundo os analistas, foi uma mudança que o Supremo Tribunal Federal (STF) promoveu na reforma trabalhista em 2021.

A reforma determinou que, se um empregado entrar com ação contra uma empresa e perder o processo, tem de pagar as custas de honorários da outra parte e perícias, mesmo sendo beneficiário da Justiça gratuita – ou seja, de baixa renda. O STF derrubou essa parte relativa à baixa renda em 2021, alegando que a norma dificultava o acesso aos direitos e à Justiça.

Para o advogado Paulo Peressin, sócio do escritório Lefosse, que atende empresas na área trabalhista, a decisão do STF é o principal motivo para a alta das ações, incluindo o setor de serviços. Segundo ele, a isenção do pagamento para beneficiários da Justiça gratuita em caso de derrota tira qualquer risco de um trabalhador entrar com uma ação no Judiciário – e não é tão difícil assim se beneficiar dessa Justiça gratuita.

“Hoje, um ex-empregado pode ingressar com uma ação declarando meramente que ele não tem condições de arcar com a despesa do processo e, se a empresa não conseguir demonstrar, provar por A mais B, que ele tem patrimônio, recursos e pode pagar por tudo isso, ele acaba tendo risco zero”, diz o especialista.

Rogério Neiva, juiz do Trabalho, ex-auxiliar da Vice-Presidência do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e especialista em métodos de conciliação, também entende que a principal causa para o aumento das ações é a decisão do STF que facilitou o acesso gratuito à Justiça.

“A lógica é: eu não vou pagar para entrar com a ação; se eu perder, eu também não pago, e eu não vou pagar o advogado para entrar com a ação, pois vou dar um pedaço do resultado para ele se eu ganhar. É um sistema de incentivo à judicialização”, diz. “Projetando o resultado do ano com base em 2024, a tendência seria de fechar 2025 com cerca de 2,3 milhões de ações ajuizadas.”

Tribunal relaciona aumento de processos ao fim da pandemia
Para o Tribunal Superior do Trabalho, porém, o aumento do número de ações tem ocorrido porque houve uma queda de processos no período mais crítico da pandemia de covid-19. “Após esse biênio (em 2020 e 2021), o número retomou o patamar pré-pandemia”, disse o tribunal ao Estadão, evitando relacionar o aumento com a decisão do STF sobre a Justiça gratuita.

“A Justiça do Trabalho observa os impactos das decisões judiciais que afetam o acesso ao Judiciário. No entanto, não é possível afirmar categoricamente que a decisão do Supremo Tribunal Federal na (ADI) 5766, em 2021, teve impacto direto no volume de ações na Justiça do Trabalho”, disse o tribunal.

Ainda para o TST, a judicialização do setor de serviços está relacionada com a participação desse segmento no mercado de trabalho. “Em 2024, por exemplo, o setor teve o maior saldo de empregos (915.800, segundo o Caged) e isso se repete neste ano.”

STF analisa autodeclaração para Justiça gratuita
Pelas normas do TST em vigor, o trabalhador pode acessar a Justiça gratuita apenas com uma autodeclaração, sem comprovação completa sobre seu patrimônio e renda. Como o Estadão já mostrou, essa situação provoca distorções em processos trabalhistas.

Um estudo coordenado pelo sociólogo José Pastore, professor da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP, baseado em casos reais, mostrou, por exemplo, que um empregado ganhou o benefício mesmo possuindo dois veículos BMW avaliados em R$ 800 mil cada e uma motocicleta Harley-Davidson que custa aproximadamente R$ 240 mil. Em outro processo, uma pessoa com salário de R$ 30 mil mensais ganhou a Justiça gratuita ao assinar uma simples declaração dizendo que não possuía condições de pagar os custos.

O Supremo Tribunal Federal julga uma ação sobre a validade da autodeclaração, mas o julgamento está suspenso após um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Segundo Rogério Neiva, o resultado pode corrigir a distorção, porém, não altera o quadro de aumento de ações na Justiça do Trabalho, pois não mexeria na isenção de pagamentos para beneficiários da Justiça gratuita que perdem os processos.

“É possível que os impactos dessa decisão recaiam para a pessoa de classe média ou classe média alta que hoje ganha R$ 10 mil, R$ 15 mil por mês, diz que é pobre e a empresa tem de se desdobrar para provar que ela não é“, diz. ”Mas, estruturalmente, você não cria a lógica que era a intenção do legislador com a reforma trabalhista, segundo a qual quem litiga sem razão paga o preço.”

Daniel Waterman/Estadão Conteúdo



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