
Neste sábado (1º), a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) celebram os 524 anos da Baía de Todos-os-Santos (BTS), o maior e mais emblemático espelho d’água do país. Mais do que um marco histórico na formação do povo brasileiro, a data é um convite à reflexão sobre a importância ambiental, cultural e econômica da baía e um lembrete de que preservar esse patrimônio é um desafio coletivo e contínuo.
Com 1.233 quilômetros quadrados de extensão e 56 ilhas, a baía, também denominada Kirimurê pelos povos originários, abriga um mosaico de ecossistemas, entre eles manguezais, estuários, restingas, recifes de coral e áreas insulares, que sustentam milhares de famílias e formam um dos mais ricos conjuntos naturais da costa brasileira.
Os estuários dos rios Paraguaçu, Subaé e Jaguaripe desempenham papel fundamental nesse equilíbrio ecológico, conferindo à baía sua característica de água salobra e favorecendo a ampla presença de manguezais, essenciais à biodiversidade e à reprodução de diversas espécies marinhas. Além disso, a região é estratégica para a economia do estado, abrigando portos, polos industriais, comunidades pesqueiras e um crescente turismo náutico.
Proteção, desafios e ações em curso
A Baía de Todos-os-Santos é protegida pela Área de Proteção Ambiental da Baía de Todos-os-Santos (APA-BTS), criada pelo Governo da Bahia em 1999 por meio do Decreto n° 7.595 e gerida pelo Inema. O território inclui 13 municípios, sendo eles: Salvador, Madre de Deus, Candeias, Simões Filho, São Francisco do Conde, Santo Amaro, Cachoeira, Saubara, Itaparica, Vera Cruz, Jaguaripe, Maragojipe, Salinas da Margarida, abrigando mais de 3,6 milhões de habitantes.
Apesar da relevância ambiental, os desafios são grandes: pressão urbana, descarte irregular de resíduos, poluição industrial e avanço da ocupação costeira exigem constante monitoramento e atuação integrada. Nesse contexto, a Sema e o Inema vêm promovendo diversas iniciativas, entre as principais:
• Em 2025, o Inema autorizou um estudo inédito sobre a vida aquática da baía, com foco em biodiversidade marinha e medidas preventivas;
• A Sema coordena uma operação pioneira de erradicação de coral invasor na Ilha de Itaparica, com apoio de pesquisadores de universidades;
• Foi criado um protocolo de fiscalização e mapeamento para enfrentamento do lixo no mar, além de um grupo de trabalho interinstitucional de governança costeira;
• O Inema mantém equipes de fiscalização e monitoramento ambiental ativas 24h, inclusive nos fins de semana e feriados, para emergências no território da BTS.
“A Baía de Todos-os-Santos concentra uma enorme diversidade ecológica, e os estuários dos rios Paraguaçu, Subaé e Jaguaripe são fundamentais nesse equilíbrio. É essa confluência de águas doces e salgadas que forma o ambiente salobro e sustenta ecossistemas como os manguezais, que servem de abrigo e berçário para inúmeras espécies marinhas. Um exemplo importante é a parceria com a Fundação Vovô do Mangue, que está promovendo a recuperação de 200 hectares de manguezal em São Francisco do Conde. Outro destaque é o trabalho conjunto com a ONG Pró-MAR e a Sema para proteção e manejo dos recifes de corais. Essas iniciativas mostram que a preservação da BTS é um esforço coletivo e contínuo, que envolve ciência, gestão pública e o compromisso de quem vive e trabalha nesse território”, ressalta Túlio Rêgo, biólogo, assessor técnico do Inema e ex-gestor da APA-BTS (2022–2024).
Ponte Salvador-Itaparica: um futuro de integração e sustentabilidade
Entre os projetos estratégicos ligados à Baía de Todos-os-Santos, destaca-se a construção da Ponte Salvador-Itaparica, empreendimento acompanhado de perto pela Sema e pelo Inema desde sua concepção. A travessia, que vai ligar a capital à Ilha de Itaparica e ao Recôncavo, representa uma transformação econômica e social para toda a região, mas também impõe responsabilidades ambientais.
O órgão ambiental tem a competência na coordenação das licenças ambientais e monitoramentos socioambientais, garantindo que as obras sigam padrões de sustentabilidade. Bem como a fiscalização técnica, o acompanhamento de medidas compensatórias, voltadas à conservação de ecossistemas sensíveis, como manguezais, estuários, restingas e áreas de reprodução de espécies marinhas e a gestão das Unidades de Conservação (UCs), como no caso da APA-BTS.
Com a nova ligação, espera-se melhoria na mobilidade, estímulo ao turismo sustentável, valorização das comunidades tradicionais e fortalecimento da economia do mar, pilares que reforçam o compromisso da Sema e do Inema com o futuro da Baía de Todos-os-Santos.







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