
A deputada Fabíola Mansur (PSB) inseriu, na ata dos trabalhos da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), uma moção de pesar pelo falecimento do cantor e compositor mineiro Lô Borges, um dos fundadores do lendário “Clube da Esquina”, que morreu no último domingo, dia 2 de novembro, em Belo Horizonte.
Nascido em janeiro de 1952, Salomão Borges Filho, Lô Borges, era filho do jornalista Salomão e da professora Maria Fragoso, a Dona Maricota, o casal que abrigou o cantor e compositor Milton Nascimento na capital mineira. Foi ela quem apelidou de “Clube da Esquina” o local, entre as ruas Paraisópolis e Divinópolis, onde Lô, os irmãos e os adolescentes amigos se juntavam, no Bairro Santa Tereza, para bater papo, cantar e criar composições.
A parlamentar socialista escreveu, na peça legislativa, que Lô Borges estava no repertório de Milton Nascimento, o Bituca, bem antes do aclamado “Clube da Esquina”, álbum que revolucionou, na época, a Música Popular Brasileira. O disco “Milton”, de 1970, trazia dois clássicos de Lô Borges: “Para Lennon e McCartney”, parceria com Fernando Brant e o irmão Márcio Borges; e “Clube da Esquina”, a faixa número 1, composta em parceria com Milton e Márcio. “Alunar” era a oitava faixa, composta por Lô e Márcio.
Fabíola lembra que Milton Nascimento “adorou o som criado por Lô e pelo amigo Beto Guedes”, outro jovem talentoso vindo da cidade de Montes Claros. Beatlemaníacos apaixonados, os dois tinham a banda cover “The Beavers”. Foi para a dupla de adolescentes que o músico Toninho Horta deu aula de harmonia debaixo de um pé de abacateiro.
A primeira canção “Clube da Esquina” surgiu na casa dos Borges, em Santa Tereza. “Lô me mostrou uma harmonia, eu peguei meu violão e comecei a improvisar. Quando a coisa pega muito fundo, fecho os olhos e não vejo mais nada que está acontecendo no mundo”, contou Milton Nascimento. Quando Bituca voltou a si, viu que dona Maricota chorava e segurava uma vela acesa (a luz havia acabado), enquanto Márcio Borges rabiscava a letra em um caderno. Nascia ali a canção que diz: “Noite chegou outra vez/ De novo na esquina os homens estão/ Todos se acham mortais/ Dividem a noite, a Lua e até solidão”, canção gravada durante os anos difíceis do regime militar.
“Lô Borges é um dos símbolos mais fortes e criativos da MPB e vai fazer muita falta. Seu legado é definitivo. Essa deputada e o Brasil tiveram o privilégio de compartilhar sua grande história. O Trem Azul partiu, mas a Chama não tem pavio, porque os sonhos não envelhecem para quem tem girassol da cor do seu cabelo e deixa um oceano de harmonia. Vá em paz, gigante”, concluiu a deputada, solicitando que a moção de pesar seja encaminhada à família de Lô Borges, em especial para o filho Luca, de 27 anos, do casamento com Michelle Arroyo; bem como às secretarias estaduais de Cultura da Bahia e Minas Gerais e às secretarias municipais de Cultura de Salvador e Belo Horizonte.







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