Com pouco mais de 16 mil habitantes, segundo dados do Censo 2022 do IBGE, o município de Itororó, no interior da Bahia, passou a integrar a lista de cidades brasileiras onde os repasses do Benefício de Prestação Continuada (BPC) superam os valores destinados ao programa Bolsa Família. A mudança no perfil de assistência social da cidade acendeu um alerta no governo federal.
O caso de Itororó reflete uma tendência nacional. Em março de 2025, 1.167 municípios já apresentavam um volume maior de recursos destinados ao BPC do que ao Bolsa Família, mais que o dobro em relação a 2023, quando eram apenas 492 — um aumento de 137% em dois anos.
O BPC é pago a idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade social. O benefício, operado pelo INSS, garante um salário mínimo mensal (R$ 1.518) por pessoa. Em contrapartida, o Bolsa Família tem uma média de R$ 660 por núcleo familiar.
Em nível nacional, o número de beneficiários do BPC disparou 33% em 31 meses consecutivos de alta, totalizando 6,2 milhões de pessoas em março deste ano. A explosão no volume de concessões está relacionada a mudanças na legislação, ampliação de diagnósticos reconhecidos (como o Transtorno do Espectro Autista), flexibilização de critérios do INSS e aumento real do salário mínimo — que eleva o número de pessoas abaixo da linha de pobreza.
Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o fenômeno exige atenção redobrada. O ministro Antonio Anastasia cita fatores como a judicialização crescente dos pedidos e a dificuldade de acesso à aposentadoria após a reforma da Previdência como causas da migração de parte da população para o BPC.
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