Dando continuidade à construção coletiva da visão de futuro da Bahia, a Secretaria Estadual do Planejamento (Seplan) promoveu, nesta terça-feira (17), o seminário “Oportunidades de Transição Energética e Nova Indústria no Brasil e o Planejamento Governamental de Longo Prazo”, reunindo representantes do setor produtivo baiano. A atividade faz parte da elaboração do Plano de Desenvolvimento Integrado (PDI) Bahia 2050.
Durante a abertura, o superintendente de Planejamento Estratégico da Seplan, Ranieri Barreto, destacou a importância dessa etapa no processo de formulação do plano. “Esta é uma fase fundamental da construção do nosso plano de longo prazo. Ao envolvermos diferentes setores da sociedade baiana, buscamos consensos possíveis para definir uma visão de futuro para 2050. Quem trabalha com políticas públicas sabe que não se pode ignorar as contradições existentes. Nosso objetivo é construir consensos que permitam aos formuladores de políticas públicas encontrar as melhores estratégias para enfrentar os problemas”, afirmou.
Participaram do painel o pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o ex-secretário do Planejamento da Bahia, José Sérgio Gabrielli; e o também ex-secretário e atual diretor de Relações Institucionais e Governamentais do Senai Cimatec, Walter Pinheiro.
Entre os temas debatidos, estiveram em destaque as cadeias produtivas emergentes, transição energética, reindustrialização verde, potencial baiano para energias renováveis, descarbonização, inovação industrial, infraestrutura e desenvolvimento sustentável.
Gabrielli apontou como principais oportunidades para a Bahia no contexto da transição energética o gás natural, as fontes renováveis, o hidrogênio e a biomassa. Destacou ainda a necessidade de ampliar a rede de distribuição de gás natural, substituir o diesel por GNV ou GNL, e expandir a produção e a infraestrutura de distribuição das energias eólica e solar. “Somos hoje o maior produtor de energia eólica do país e lideramos os projetos aprovados tanto pela Aneel quanto nos leilões A-2 e A-5. Isso significa que seguiremos crescendo nos próximos anos”, afirmou.
Já Walter Pinheiro defendeu uma abordagem integrada para a transição energética, articulando bioenergia, saneamento, mobilidade, agricultura sustentável e indústrias limpas. Segundo ele, essa articulação precisa envolver cooperativas, setor público, empresas, instituições de ensino e sociedade, com foco na capilaridade, inovação e legitimidade das ações.
Pinheiro também propôs um trabalho conjunto entre Cimatec, SEI e o Observatório da FIEB, para geração de dados e inteligência voltada ao desenvolvimento industrial da Bahia. “Quero colocar o Cimatec para trabalhar com vocês na construção do PDI Bahia 2050, de forma integrada e colaborativa”, destacou.
O evento contou com a presença do Diretor superintendente do Sebrae Bahia, Jorge Khoury, do Coordenador Geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, do Coordenador de Projetos do PNUD em Salvador, Leonel Leal e do deputado estadual, Radiovaldo Costa.
Consulta pública e participação social
A programação incluiu ainda uma oficina interativa conduzida pela consultoria Macroplan, voltada à formulação da visão de futuro da Bahia até 2050. Participaram representantes do setor produtivo, presentes no auditório da Seplan, além de lideranças territoriais que acompanharam a transmissão pelo canal da Seplan no YouTube.
A atividade foi orientada por três perguntas principais: Quais os maiores desafios para a Bahia nos próximos 25 anos? Como deve ser o estado em 2050? Quais características são desejadas para o desenvolvimento econômico inclusivo da Bahia?
O exercício reforça o compromisso com um planejamento participativo, conectado aos anseios da população e fundamentado no conhecimento técnico disponível no Estado.
Além das atividades presenciais, a construção do PDI Bahia 2050 conta com uma consulta pública online, lançada no último dia 9. O formulário está disponível no site da Seplan, e qualquer cidadão pode contribuir com sugestões e ideias. A iniciativa segue modelo semelhante ao do Governo Federal, que adotou consulta pública para a formulação da Estratégia Nacional de Desenvolvimento de Longo Prazo – Brasil 2050.
O processo de atualização do PDI reúne um conjunto robusto de diagnósticos sobre a realidade atual da Bahia, incluindo seus principais ativos, desafios e oportunidades. Também contempla análises de tendências e incertezas — nacionais e globais —, além da construção de cenários prospectivos.
A escuta ativa de diferentes segmentos da sociedade, por meio de entrevistas, oficinas, grupos focais e seminários, será essencial para consolidar uma visão de futuro conectada às expectativas da população baiana.
Entre os temas centrais em debate, destacam-se: Fortalecimento da gestão pública, Sustentabilidade ambiental, Transição energética e demográfica, Modernização econômica, Redução das desigualdades sociais e regionais e Infraestrutura preparada para os desafios do século XXI.