Bahia institui Comitê de Acompanhamento da Política Estadual de Transição Energética

Bahia institui Comitê de Acompanhamento da Política Estadual de Transição Energética
Bahia institui Comitê de Acompanhamento da Política Estadual de Transição Energética
Foto: Matheus Lemos/Sema|Inema

Foi realizada, nesta sexta-feira (13), na Secretaria do Meio Ambiente (Sema), a primeira reunião para a instituição do Comitê de Acompanhamento da Política Estadual de Transição Energética da Bahia. A criação do comitê marca uma nova fase de articulação entre os diversos órgãos do Estado em torno de uma pauta estratégica, que é consolidar a transição energética como vetor de desenvolvimento econômico sustentável, com protagonismo baiano na economia verde global.

A política estadual ganhou forma com o lançamento do Programa Estadual de Transição Energética - PROTENER, apresentado em abril deste ano pelo Governo do Estado. A instalação do comitê garante que as ações ocorram de maneira articulada, com foco, prioridade e celeridade.

Um dos principais incentivadores da construção da política pública na Sema, o secretário do Meio Ambiente em exercício, André Ferraro, destacou a urgência da atuação conjunta dos órgãos e defendeu que a transição energética representa a maior oportunidade de desenvolvimento econômico da Bahia nos próximos anos.

“Esse projeto de lei, que levou cerca de oito meses para ser aprovado, é essencialmente um programa de atração de investimentos na área da economia verde. Ele dá condições para que o Estado tenha uma política clara e articulada voltada a setores estratégicos. Nós temos uma janela de oportunidade entre 2027 e 2030. Se não nos organizarmos agora, outros estados vão ocupar esse espaço. Precisamos ser ágeis e organizados para atrair os investimentos certos”, afirmou Ferraro.

Segundo ele, o diferencial energético da Bahia, com abundância de fontes renováveis e biomassa, já desperta interesse de empresas nacionais e estrangeiras. André ressaltou que a política não é apenas sobre transição tecnológica, mas sobre reorganização produtiva do interior da Bahia.

“É uma oportunidade concreta de industrializar o interior do estado, atrair cadeias de proteína, de agroindústria, e gerar emprego com base em uma matriz limpa. Mas, para isso, precisamos soltar as amarras e deixar claro o nosso modelo de desenvolvimento”, pontuou.

Entre os instrumentos da política estão o Plano Estadual de Transição Energética, aprovado por ato do Executivo com horizonte de 30 anos e atualizações a cada cinco anos; e o próprio PROTENER, que tem entre seus subprogramas temas como energias renováveis e biomassa, transportes sustentáveis, eficiência energética, pesquisa e inovação, mercado de carbono e mineração sustentável. Também estão previstos os Polos de Transição Energética, com foco na geração de emprego e renda para comunidades locais.

O superintendente de Energia e Comunicações da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), Celso Rodrigues, reforçou a importância de garantir que a transição energética no estado também alcance os territórios da agricultura familiar. “A transição precisa ser justa. Na base, isso significa garantir o acesso à energia, inclusive em áreas onde ainda se utiliza lenha. Essa também é uma transição energética, sair do básico para o acesso à eletricidade. Isso precisa estar na nossa leitura, para que possamos incorporar esse potencial imenso que temos”, destacou.

A diretora de Regulação do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Natália Mabel, enfatizou a necessidade de o comitê focar estrategicamente suas ações. “Nosso objetivo aqui é socializar as informações que cada pasta tem, traçar e hierarquizar do ponto de vista do governo. Não teremos braço para tudo ao mesmo tempo. Precisamos ser precisos e transformar o comitê em um espaço realmente eficaz”, apontou.

Durante o encontro, assessor especial do Gabinete da Sema, Roberto Fortuna, relembrou que o comitê nasceu a partir de experiências de articulação interinstitucional bem-sucedidas na Bahia e teve papel de destaque nacional. Ele ressaltou que a lei estadual de transição energética inspirou o marco regulatório federal do hidrogênio, com 73 recomendações da Bahia incorporadas ao texto final.

“O papel do Estado não é desenvolver tecnologia, é fomentar. E isso se faz com editais, com apoio à formação e pesquisa aplicada, com soluções locais para os nossos próprios desafios. Isso é economia de baixo carbono”, afirmou Fortuna, que também faz parte do Comitê.

A política prevê ainda a regulação do mercado de créditos de carbono, com possibilidade de recuperação de áreas degradadas e uso produtivo das unidades de conservação estaduais como geradoras de crédito verde. “Temos ativos que ninguém cuida. São fontes de receita e instrumentos de preservação ambiental que precisam ser regulamentados com urgência”, alertou Ferraro.

A reunião contou com a presença de titulares, suplentes e ouvintes de oito instituições do Governo da Bahia. Além da Sema, Inema e Seinfra, estiveram as Secretarias de Desenvolvimento Econômico (SDE), de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Agricultura (SEAGRI), além da Empresa Baiana de Ativos S.A - BAHIAINVESTE e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB).

Sobre o Comitê 
A criação do comitê representa um passo concreto para consolidar a Bahia como referência nacional em transição energética justa, descentralizada e sustentável. A composição garantiu quórum para a instalação dos trabalhos do comitê e assegurando uma representação ampla e intersetorial das pastas envolvidas no processo de transição energética.

Fonte: Ascom/Sema|Inema