Representantes do governo, movimentos sociais e universidades debatem políticas para agricultura familiar
A Comissão Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica (CEAPO) realizou, nesta terça (20) e quarta-feira (21), no Instituto Anísio Teixeira (IAT), em Salvador, uma reunião estratégica que definiu a mesa coordenadora da CEAPO e marcou o início da elaboração do Plano Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica (PEAPO).
O encontro reuniu representantes do Governo do Estado, da sociedade civil e de universidades que compõem a comissão para traçar as diretrizes que irão orientar as políticas públicas de desenvolvimento rural sustentável na Bahia. Entre os principais temas discutidos esteve a necessidade de incluir mulheres e jovens rurais como protagonistas das políticas públicas, o fortalecimento dos mecanismos de controle social e a integração entre conhecimento tradicional e científico.
O objetivo é buscar uma metodologia conjunta para construir um plano baseado na Lei de Agroecologia e alinhar os próximos passos para sua construção, com monitoramento e execução, ampliando e consolidando a agroecologia no estado.
“Viabilizar o funcionamento dessa comissão demonstra o compromisso do Governo do Estado com as pautas da sociedade civil organizada. Esse primeiro plano será fundamental para orientar nossas ações no estado da Bahia”, defende o coordenador-geral do Programa Bahia Sem Fome e coordenador da CEAPO, Tiago Pereira, representando o Governo do Estado.
Durante os dois dias de intenso debate, os participantes destacaram a importância da agroecologia como modelo produtivo capaz de garantir segurança alimentar, respeitando a sazonalidade e os saberes tradicionais da agricultura familiar. A representante da Rede Povos da Mata, Paula Ferreira, enfatizou a necessidade de políticas que reconheçam os territórios tradicionais: "Não podemos falar em agroecologia sem incluir os povos que historicamente cuidam da terra, quem disse que maçã é mais saudável que as frutas que a gente cultiva?".
Já Carlos Eduardo, da Articulação de Agroecologia da Bahia (AABA), chamou atenção para a importância do tema: "Agroecologia é a ciência do lugar".
Para Leomarcio Araújo, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o combate à fome e a construção da soberania alimentar só serão possíveis com a agroecologia. “Embora políticas imediatas para atender famílias com fome sejam louváveis, a agroecologia é essencial para uma solução de médio e longo prazo.” Léo celebra o momento político: "Essa é uma conquista importante da sociedade civil. O governo está demonstrando vontade política para transformar a agroecologia em uma política de Estado".
Entre as ideias trazidas pelos participantes estão mostrar as experiências agroecológicas de cada região nas próximas reuniões da comissão e debater políticas específicas, com a presença de lideranças e representantes do governo, como o controle de agrotóxicos, alimentação escolar, educação e produção de alimentos.
Fonte: Ascom/ Bahia Sem Fome