Uma semente crioula pode carregar muito mais que alimento. Ela traz história, identidade, resistência e um modo de produção baseado na agroecologia. Foi com esse intuito que a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio da Superintendência da Agricultura Familiar (SUAF), iniciou a execução do Projeto Sementes, em Cícero Dantas, no território Semiárido Nordeste II, nessa segunda-feira (12).
A iniciativa promove a reintrodução e valorização de sementes crioulas de milho, feijão e vigna, cultivadas sem agrotóxicos ou agentes químicos, preservando o saber tradicional dos agricultores e agricultoras familiares da Bahia. Além da distribuição das sementes, o projeto inclui atividades formativas voltadas ao fortalecimento dos bancos comunitários, práticas de manejo agroecológico, aumento da produtividade e realização de feiras territoriais de sementes. Sua construção contou com a participação ativa dos movimentos sociais, incorporando o conhecimento de quem já atua na preservação dessas variedades.
Nos territórios de Itaparica, Litoral Norte e Agreste Baiano e Semiárido Nordeste II, o projeto conta com a parceria da Associação Regional de Convivência Apropriada ao Semiárido (ARCAS), entidade que já acumula experiências bem-sucedidas com a produção e comercialização de sementes crioulas. A execução local também terá o apoio de Agentes de Desenvolvimento Rural, que irão conduzir oficinas e intercâmbios sobre cultivo, observação e preservação das sementes.
Segundo a presidente da ARCAS, Adriana Sá, “a semente, além de fazer o alimento saudável, de base agroecológica, tem o comércio garantido, com preço justo. Ela não tem nenhum veneno no processo de conservação, ou seja, é uma semente segura. Foram 60 toneladas de sementes de milho crioulo vendidas em 2024. A gente espera que em 2025 sejam 100, 120 toneladas compradas. É para mostrar que isso já acontece há algum tempo, mas não chegávamos a todo mundo. A partir desse termo de colaboração com a SDR, a gente vai beneficiar mais 4 mil famílias”.
Com duração inicial de 18 meses, prorrogável por mais seis, o Projeto Sementes abrangerá 14 territórios de identidade e vai beneficiar mais de 40 mil pessoas, com a entrega de 70 toneladas de sementes crioulas. O titular da SUAF, Euzimar Carneiro, explicou que "a gente quer potencializar o que a agricultura familiar tem de melhor, que é a produção de alimentos saudáveis. E para além do edital do Projeto Sementes, nós estamos formando, a nível de Estado, um grupo de trabalho que vai construir o Programa Estadual de Sementes".
Para o chefe de gabinete da SDR, Adriano Costa, mais do que uma política pública, o projeto é um movimento de resistência: “A gente fez questão de vir aqui para registrar a importância desse ato. Não é só o investimento financeiro, mas a importância da ação e de como ela pode ser multiplicada. Sem os agricultores e agricultoras familiares não é possível manter essa política da semente crioula, que é uma semente tão importante”.
Com a iniciativa, que conta com a parceria com o Programa Bahia Sem Fome, a SDR reafirma seu compromisso com a agricultura familiar, promovendo a agroecologia, a segurança alimentar e a valorização dos saberes tradicionais.
Fonte: Ascom/CAR